quinta-feira, dezembro 23
Quando tento de ti me aproximar em sonhos, é que acabo surgindo em outros lugares, cada vez mais distantes de onde quero estar. Pergunto-me o porquê dessa indesejada distância e, antes de terminar o questionamento, eis que te visualizo a uma distância enorme, que eu não saberia quantificar. De muito longe, passo a acompanhar com os olhos o rumo dos teus pensamentos pelo céu escuro de estrelas escondidas pelas luzes de postes e prédios. Eles chegam até mim e desviam no último momento. Sobrevoam, dão voltas ao meu redor, sopram sussurros pela minha nuca, mas nunca encostam em mim. Fogem ao meu toque, escorregam por entre meus dedos… teus sonhos não são meus. A madrugada avança até que um desses espectros pára de repente ao meu lado, e me chama pra passear. Dentro do teu sonho, voando na velocidade da luz até o teto do teu quarto, onde pairo a centímetros da tua face, respirando baixinho pra não te acordar, eu fecho os olhos. O telefone toca me acordando, fim do meu sonho. Não é ninguém. Estou muito mais perto de ti, agora, mas entre nós ainda existe uma centena de paredes, uma dezena de dúvidas e uma só saudade
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