quarta-feira, setembro 16

Depois da separação

Se você já viveu uma separação, já deve ter ouvido falar: "Ah! Pense somente nas coisas ruins da relação. Lembre-se de tudo o que não era bom. Desta forma fica mais fácil esquecer...". Será mesmo?! Será que se nos fixarmos nas coisas ruins vamos esquecer mais depressa? E o que era bom? O que aprendemos na relação, o que queremos transportar para outras possibilidades de relacionamentos? O que fazemos? Também jogamos fora? Deixamos para trás?

Esta não me parece a escolha mais sensata. É verdade que logo que saímos de uma relação tudo parece insuportável. As lembranças são doídas, a presença do outro parece ser real e esperada. Ficamos mexidos.

Isto é real. Não acredito que haja qualquer ser humano pronto para uma separação. Elas são sempre complexas e difíceis. Não há nesse contexto fórmulas para reduzir o tempo ou minimizar as marcas do processo. É uma ilusão achar que vamos esquecer o outro só focando no lado chato da relação. Toda relação tem pontos fortes e fracos. Todo relacionamento é uma verdadeira troca de interesses, ou seja, dura enquanto houver o que dá prazer - seja ele negativo ou positivo. Então, se a separação é inevitável, é importante que tenhamos em mente isso. Talvez assim, passar pelo tempo de retomada fique mais fácil.

Recomeçar
Para recomeçar não precisamos, portanto, destruir o que vivemos. Podemos, ao contrário, ficar com o que foi bom, valorizar todo o processo, o aprendizado, o outro e depois soltar. Deixar para trás tudo o que já não é mais nosso. Não nos pertence. Dessa forma, na minha opinião, pode ser menos difícil e mais possível sair desse processo.

A separação - seja ela como for - é sempre uma situação de estresse e dor e é preciso respeitar o ritmo e tempo de cada um dos envolvidos. Uma separação vem com uma série de interrogações, de inseguranças, de medos. Mas, repito, se é mesmo a única solução e, se é essa a escolha, o que temos de fazer é olhar para frente. Não adianta ficar odiando o outro, valorizando o que não tem valor. Vale transformar-se, cuidar-se, abrir-se - mesmo que aos pouquinhos - para novas relações, outras possibilidades e, isto não é uma regra.

Um desses dias ouvi um Lama que dizia "quando não podemos lidar com uma situação, não adianta bater de frente, insistir. O melhor que temos a fazer é colocar o problema em uma caixinha no ar e deixá-lo lá até podermos nos estruturar para encará-lo e, então agirmos com clareza e paz no coração".

Isto realmente funciona! Quando nos imaginamos fortes o suficiente para lidar com qualquer situação acabamos por nos machucar ainda mais. E, de fato, não precisamos disso não é mesmo?

Outra chance
Podemos esperar a ferida cicatrizar, aguardar o melhor momento e, enquanto esse momento não chega, por que não mudar a vida? É, mudar tudo: o cabelo, o estilo das roupas, a maquiagem. Por que não nos permitirmos ir ao cinema, visitar as exposições nos melhores museus, caminhar ao ar-livre, viajar? Ou seja, por que não nos damos uma outra chance? Uma chance de viver com o que temos em cada instante. Quem sabe nessa redescoberta não vamos nos encontrar muito melhor do que estávamos? Mais fortes, mais bonitos, mais prontos para abrir a "caixinha no ar", deixá-la ir e soltar o que não é nosso.

Fonte: Yahoo


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